quarta-feira, 16 de maio de 2012

Portabilidade de Crédito. Tu sabes que ela existe?

Quero abordar neste post a portabilidade de crédito. Modalidade existente desde 2006 e que acredito ser muito pouco conhecida. As oportunidades que teoricamente são abertas com o uso destas linhas são muitas, mas até hoje são muito pouco exploradas.
A portabilidade de crédito tem como ideia os mesmos princípios e objetivos do que temos nos mercados de telefonia ou planos de saúde, por exemplo. Qualquer cliente do sistema bancário que tenha algum tipo de crédito tomado no mercado (independente se for para pessoa física, jurídica, imobiliário, financiamento de veículos, entre outros) tem o direito de buscar uma melhor condição de qualquer tipo (taxas, prazo, garantias, mix de produtos, entre outros) em outra instituição que ofereça crédito. Além disso, pela regulamentação, toda esta operação de transferência deveria ser feita sem custo algum de tarifas ou de impostos. Mas, infelizmente, o que vemos no mercado é uma realidade bem diferente.
Antes de tudo o que existe na verdade são interesses conflitantes. O papel dos bancos é lucrar com a intermediação de recursos financeiros. As receitas obtidas com operação de crédito têm sido uma das principais fontes de lucros dos bancos brasileiros, se não a maior. O governo de certa forma também acaba sendo beneficiado pelos altos lucros dos bancos via arrecadação de impostos. Pois então, quem vai ter o interesse de estimular algo que se funcionasse de verdade serviria diretamente para diminuir os juros finais pagos aos bancos como um tudo?
A recente queda nas taxas de juros iniciadas pelos bancos públicos teve reflexo direto nos bancos privados que também tiveram de seguir na mesma linha. Para quem for tomar um novo recurso emprestado com certeza foi muito bom. Mas e todos aqueles clientes que já tinham algum tipo de financiamento em andamento também tem o direito de se beneficiar dessa nova realidade. O cenário ideal seria ver as instituições financeiras chamando seus clientes antigos e oferecendo renegociar todos os seus contratos já com as taxas mais baixas. Claro que na realidade brasileira isto jamais aconteceria. Pois aí entra a portabilidade de crédito que nos permite buscar uma melhor condição no concorrente e teoricamente sem custo algum fazer esta migração e então seguir com o financiamento já com taxas mais baixas.
Gostaria então de aproveitar e comentar alguns dos entraves encontrados no dia a dia, além de oferecer dicas de como não se deixar levar por eles. A principal dica para quem quer buscar uma portabilidade de crédito é conhecer o seu custo efetivo total da operação já existente. Jamais compare a taxa de juros anunciada de primeira por qualquer meio. Esse juro sempre será o nominal, mas com certeza, para fins de concretizar o contrato de crédito sempre surgirão outros custos (como taxas de análise, impostos, tarifas bancárias) que somados ao juro anunciado formarão o custo efetivo total da operação. Por isso, sempre compare esses custos efetivos para saber se o negócio irá valer a pena ou não.
Na portabilidade a quitação da dívida com a instituição de origem deverá ser feita unicamente pela instituição que está levando a operação. Pois assim não haverá cobrança de IOF. Caso seja oferecido o recurso integral para que a própria pessoa vá fazer a quitação, com certeza novos custos serão acrescidos. Se por acaso o financiamento novo amplie o valor financiado a incidência do IOF é legal somente em cima da diferença do adicional. Os bancos também costumam exigir a chamada venda casada. Ou seja, para lhe aceitar impõe a aquisição dos mais diversos serviços (como seguros, capitalizações, consórcios, entre outros) e isto é totalmente ilegal perante o Banco Central. Não aceite. Outra dica importante é para o crédito imobiliário, pois não se tem como fugir dos custos de cartório que são altos. E, pode muitas vezes inviabilizar o benefício da troca de instituição mesmo com juros mais baixos.
Em suma, a portabilidade de crédito existe e pode ser muito rentável para a grande maioria das pessoas. Mas, sem dúvidas, é um processo muito burocrático e devido a diversos interesses extras se torna uma opção bem complicada de se realizar. A melhor opção sempre será o planejamento e orientação. Ter a certeza de que se está tomando a melhor decisão é fundamental para ir até o fim nesse tipo de operação e exigir que se cumpra toda a regulamentação existente.
Quero finalizar pontuando a minha opinião atual sobre tudo que está acontecendo com estas mudanças nos juros. Quero ainda crer que todo este movimento do governo via bancos estatais tenha sido bem planejado e que ele consiga sustentar este caminho para o futuro. A economia é muito dinâmica e outros fatores (como inflação e inadimplência) podem influenciar e serem determinantes contra este movimento atual. Nenhuma instituição que trabalhe com crédito oferta dinheiro sem pensar na inadimplência. Uma pressão oficial por juros mais baixos está acontecendo, mas as instituições precisam preservar suas atividades e seus resultados. Ou seja, pode oferecer juro mais baixo, mas ninguém pode proibir uma posição mais defensiva e criteriosa na análise dos créditos ofertados. E como na sua maioria o consumidor brasileiro não tem como característica o planejamento e conhecimento financeiro a tendência é quanto mais dinheiro emprestado, maior será a inadimplência e por consequência mais rígida serão as análises dos bancos que podem ir contra toda a ideia do momento e acabar retraindo a oferta de crédito do mercado. Sendo assim, na minha opinião, quem tem algum plano de investimento que procure o mais rápido possível o seu crédito com orientação pois não se tem como afirmar até quando teremos as melhores condições.
Abraço,
Renan Abella Würfel
Economista
Instituto de Solução Financeira - Crédito Orientado
Uberlândia - Minas Gerais
34-3292 5200

terça-feira, 8 de maio de 2012

Entrevista ao MGTV abordando a queda nas taxas de juros

Quero compartilhar com vocês um vídeo com a minha participação ao vivo na bancada do MGTV 1ª Edição na última semana. O tema abordado na entrevista é a queda nas taxas de juros que estão acontecendo e penso que ilustra bem além de complementar o post anterior.

Abraço,
Renan Abella Würfel
Economista
Instituto de Solução Financeira - Crédito Orientado
Uberlândia - Minas Gerais
34-3292 5200

segunda-feira, 7 de maio de 2012

O que está acontecendo com estas reduções nas taxas de juros?

Nas últimas semanas, o Brasil vem passando por um momento muito importante do ponto de vista econômico. O nosso governo sinalizou com um verdadeiro plano de ação para combater as altas taxas de juros existentes no mercado. Fazendo uso da força dos bancos estatais iniciou uma derrubada histórica nas taxas de juros oferecidas diretamente aos seus clientes nas agências bancárias. Gostaria neste post de explicar melhor o porque acredito que este momento de fato seja diferente dos outros.

O brasileiro acostumou-se nos últimos anos a acompanhar notícias sobre as mudanças na taxa de juros referencial do mercado, a taxa SELIC, sem muitas vezes compreender como isso afeta sua vida de verdade. Inclusive, a percepção popular é de sentir com mais intensidade o lado negativo das subidas dos juros e os quase imperceptíveis benefícios das quedas. E é por aí que começo a tentar explicar o diferencial deste momento. Desta vez, o governo ao invés de ter o foco numa política econômica de baixar a taxa SELIC apenas, ele foi diretamente aos seus canais de acesso ao público em geral que são os bancos estatais e fez uma massiva baixa de juros atrelada com intensas campanhas publicitárias divulgando estas ações. Essas ações afetaram diretamente os bancos privados e os mais diversos setores da economia que trabalham oferecendo crédito, pois todos tiveram que acompanhar este movimento de queda de juros para não perderem seus clientes e assim gradativamente as taxas como um todo estão caindo.
Acredito que nunca antes na nossa história recente tivemos um cenário tão propício para se buscar crédito. Ter acesso ao crédito não é uma questão simples. Temos diversos pontos que são avaliados pelos bancos antes de liberar o recurso. O temor principal sempre será a inadimplência. Altos índices de inadimplência sempre afetarão negativamente o crédito resultando em aperto nas análises dos bancos, aumento de taxas e queda de prazos. E o que está acontecendo neste momento, a meu ver, é um movimento agressivo sinalizado pelo governo no caminho de enfrentar o risco nas operações em nome de um crescimento econômico. O spread bancário é constituído por diversos fatores. Alguns vindos das políticas governamentais como os impostos e recolhimento de depósito compulsório. Além do que é da conta dos bancos como seus custos administrativos, tarifas, margem para cobrir a inadimplência e a parte para o retorno do capital.
Neste momento fica bem claro que temos a combinação de dois fatores. A queda nas taxas juntamente com uma análise de crédito dos bancos mais aberta (propensa a emprestar). Ou seja, o caminho para se obter crédito está muito mais acessível. E por isto, a importância de aproveitar este momento. Não sabemos até quando teremos estas condições. A taxa de juros (SELIC) que é referência para o mercado não tenho dúvidas de que irá cair ainda mais no curto prazo. Afirmo isso, baseado nas novas regras da poupança anunciadas semana passada. Não entrarei no mérito da questão da poupança pois não é o assunto em pauta neste post, mas a alteração fica condicionada diretamente a uma redução de no mínimo meio ponto percentual da taxa SELIC na próxima reunião do comitê de política monetária, ou seja, a taxa referencial que hoje está em 9% a.a., deve cair para 8,5% a.a. para que assim justifique as mudanças nas regras da poupança.
Esta provável queda na taxa de juros SELIC teoricamente é para resultar numa nova queda nas taxas de juros em geral no mercado, mas não é uma obrigatoriedade. Sendo assim, não afirmo que acredito numa nova queda representativa nas taxas de juros para os clientes dos bancos e consumidores no curto prazo. Penso que as quedas agressivas já aconteceram e agora a tendência é sem dúvida de uma continuação nesse caminho de baixa nas taxas, mas com uma maior lentidão.
A ideia final deste post é de que se aproveite este momento. Mas sempre com muita consciência e orientação. Um crédito mal tomado sempre trará problemas financeiros no futuro. Por isso, sempre é tão importante saber se realmente o recurso é necessário, se terás condições de pagá-lo durante o prazo e de que forma ele irá beneficiar onde está sendo investido para assim conseguir o êxito no retorno do capital usado para investimento.

Abraço,

Renan Abella Würfel
Economista
Instituto de Solução Financeira - Crédito Orientado
Uberlândia - Minas Gerais
34-3292 5200

Apresentação e Objetivos do Blog

Boa tarde,

Quero inicialmente deixar a vocês um breve comentário sobre os objetivos e perspectivas que tenho com este blog. Toda nossa equipe do Instituto de Solução Financeira foi convidada a abrir o seu próprio espaço com total liberdade para abordar os diversos assuntos que influenciam nosso trabalho. Recebi com muito gosto o convite e desde então passei a estudar e planejar qual seria a metodologia que eu iria adotar que tornasse este novo hábito em algo prazeroso para mim e que da mesma forma fosse realmente interessante para as pessoas que fossem ler podendo assim agregar algo que de fato seja bom para todos.
A ideia que tenho neste início de trabalho é o de abordar assuntos que envolvam economia no cotidiano de todas as pessoas e buscar facilitar o entendimento com um texto simples, objetivo e acima de tudo muito claro. Não pretendo me aprofundar em detalhes específicos da teoria econômica, pois isso, penso que cabe aos economistas o debate apenas entre nós. Os assuntos relacionados à economia são de suma importância para todas as pessoas na sociedade atual, e muitas vezes por dificuldades de compreensão do que está acontecendo perdemos oportunidades de se tomar a melhor decisão que poderia trazer muitos benefícios para as nossas vidas. Se de alguma forma eu conseguir por este blog informar melhor as pessoas sobre o que está acontecendo na economia e elas obtiverem a capacidade de otimizar suas escolhas e serem mais conscientes no manuseio de seus recursos já estará cumprindo o seu objetivo.
Abraço,

Renan Abella Würfel
Economista
Instituto de Solução Financeira - Crédito Orientado
Uberlândia - Minas Gerais
34-3292 5200